A
leitura do conto Aos vinte anos, cuja
autoria se deve a autoria a Aluísio de Azevedo, possibilita um ledo engano ao
leitor: ao se perceber a estrutura e o texto notoriamente com velhos clichês
românticos, permite uma análise antecipada enquadrando o texto como tipicamente
romântico. Porém, o desfecho da história quebra a análise inicial; a narrativa
que pendia para o âmbito romântico, mostra sua faceta que faz o leitor cair no
riso, sobretudo porque suas expectativas eram outras em relação ao desenlace.
O
conto Aos vinte anos desenvolve a
história de um amante que se apaixona por uma jovem donzela chamada Ester de
dezesseis anos, e que tem seu amor correspondido. Porém, ao conversar com a
moça a quem tinha contato apenas pela janela, descobre que ela tem um prometido:
seu próprio tutor. O homem esperaria ela atingir os vinte anos para desposá-la.
Após sofrer com a revelação de tal fato, o narrador tem ideias para conseguir a
execução desse amor. Pensa em fugir – o que não é visto com bons olhos por
Ester -, chegando inclusive a pensar em assassinar o seu tutor, o senhor
comendador Furtado. Por fim, decide falar-lhe abertamente sobre o amor que possui
por sua protegida. Porém descobre-se que na verdade, Ester na verdade era a
mulher do comendador.
A
leitura surpreende pela capacidade de ludibriar o leitor que espera um desfecho
generoso ou trágico, em consonância com o amor que o herói sentia pela delicada
Ester. Ao final, a protagonista se revela como uma farsante: alimentava o amor
do homem apaixonado, sabendo que era impossível concretizá-lo já que era uma
mulher casada. Com um final tão adverso ao que se esperaria de uma narrativa
romântica – esperar-se-ia a morte do narrador ao enfrentar seu rival
comendador- -, Aos vinte anos expõe o
conto romântico ao ridículo, pois revela uma mulher idealizada que se mostra
uma grande mentirosa e mesquinha.
Nas
primeiras linhas, é possível verificar as fontes românticas da qual o autor
bebeu para criar a atmosfera pretendida.
“Abri
minha janela sobre a chácara. Um bom cheiro de resedás e laranjeiras entrou-me
pelo quarto, de camaradagem com o sol, tão confundidos que parecia que era o
que estava recendendo daquele modo. Vinham ébrio de abril. Os canteiros riam
pela boca vermelha das rosas, as verduras cantavam, e a república das asas
papeava, saltitando um conflito com a república das folhas. Borboletas
doidejavam, como pétalas vivas de flores animadas que se desprendessem da
haste.”
Percebe-se nesse fragmento a utilização
da paisagem de fundo, a própria natureza, cuja tranquilidade e amabilidade confundirão
com a descrição da jovem Ester. Vejamos:
“Chamava-se
Ester, e era bonita. Delgada sem ser magra; morena sem ser trigueira; afável
sem ser vulgar; [...] cabelos mais lindos do que aqueles com que Eva escondeu o
seu primeiro pudor no paraíso”
Como se vê, ao compará-la com Eva,
personagem bíblica, o autor estabelece uma relação de equidade no que diz
respeito à beleza de Ester e da primeira moradora do paraíso. Nessa comparação,
antecipa-se também o pecado de Ester, que assim como Eva, é ardilosa. Capaz de
enganar o seu amor que se encontrava completamente apaixonado.
A narrativa continua apoiando-se nos clichês românticos com os diálogos dos personagens. “E acha a senhora que esperarei, sabe Deus por quanto tempo! Sem sucumbir à violência da minha paixão?”, “O verdadeiro amor a tudo resiste, quando mais ao tempo” Tenha fé e constância é só o que lhe digo. E adeus”. Ester dava falsas esperanças, enquanto o narrador pensava em pôr um fim em tudo, assassinando o comendador. Por fim, a quebra desses clichês se estabelece ao final: a moça já era casada, pensaria ela num adultério?
A narrativa continua apoiando-se nos clichês românticos com os diálogos dos personagens. “E acha a senhora que esperarei, sabe Deus por quanto tempo! Sem sucumbir à violência da minha paixão?”, “O verdadeiro amor a tudo resiste, quando mais ao tempo” Tenha fé e constância é só o que lhe digo. E adeus”. Ester dava falsas esperanças, enquanto o narrador pensava em pôr um fim em tudo, assassinando o comendador. Por fim, a quebra desses clichês se estabelece ao final: a moça já era casada, pensaria ela num adultério?
Assim, a própria estrutura romântica
ruiu quando se estabeleceu essa quebra exatamente no desfecho da narrativa, provocando
o riso e expondo os típicos personagens dessas histórias ao caricato.
(Análise realizada por mim mesmo para uma disciplina na universidade)
ANÁLISES
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