segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Análise do Filme Anjos do Sol

10:55
Anjos do Sol ilustra o conceito de realidade imutável

Filme envolvente, vencedor do Festival Internacional de Cinema de Miami,
baseados em dados de órgãos como o UNICEF, Anjos do Sol narra a história da
nordestina Maria (Fernanda Carvalho), uma menina de apenas doze anos que é
vendida por sua miserável família para um recrutador de prostitutas. Posteriormente,
Maria é revendida ao lado de outras meninas em igual situação para a cafetina
Nazaré (Vera Holtz). Esta organiza um leilão de meninas virgens e a vende para um
rico fazendeiro da região juntamente com a menina Inês (Bianca Comparato), da
mesma faixa etária. Na fazenda a inocente Maria é estuprada ao se recusar a
satisfazer as fantasias sexuais de pai e filho. Em seguida, as meninas são vendidas
ao perverso Saraiva (Antônio Calonni) administrador de um prostíbulo numa
pequena cidade da floresta amazônica. Sendo abusada todos os dias pelos mais
diferentes homens na cidade, as duas decidem fugir do bordel onde eram tratadas
como escravas. Após uma tentativa frustrada, Maria perde a amiga de ocasião Inês
para a crueldade de Saraiva. Mesmo correndo risco de morrer, a menina tenta fugir
novamente e obtém êxito dessa vez. Atravessa o Brasil e vai parar no Rio de Janeiro
onde se encontra novamente com a prostituição por meio da cafetina Vera (Darlene
Glória). A partir de então, Maria descobre que sua realidade é imutável e suas
atitudes devem ser correspondentes aos desafios que a vida lhe reserva.

O conceito de “realidade imutável” se confunde com a noção da influência que
a sociedade exerce sobre o indivíduo. Na ficção temos uma personagem que não
teve chances na vida por culpa da extrema miséria de seus pais. Por mais que
tentasse fugir do caminho da prostituição, Maria sempre cai nas mãos de pessoas
que querem se aproveitar da sua juventude e de seu corpo para ganhar dinheiro,
lucrando sobre o fato de a menina não saber sequer ler. Se por um lado vemos a
realidade imutável, sabemos que por outro isso se deve ao modo de como se
organiza a sociedade, uma vez que esta massacra o indivíduo quando o mesmo não
teve oportunidades de receber uma educação, em todos os sentidos possíveis, de
qualidade por parte de seus pais.

Sabemos que os pilares básicos da organização social são quatro: política,
educação, religião e família. Essas quatro entidades juntas em perfeito equilíbrio
provocam o desenvolvimento de toda a uma sociedade visando o bem-estar de
todos. Numa hipótese de desequilíbrio, provocam doenças sociais de grandes
proporções e levam o indivíduo a buscar caminhos alternativos para alcançar o
equilíbrio social. O problema educacional brasileiro, o descrédito da população junto
ao governo, o fanatismo religioso capaz de levar pessoas a cometer atrocidades em
nome da fé e a ausência de planejamento familiar são alguns exemplos do caos que
o desequilíbrio de algum desses pilares podem causar na sociedade.

No filme, dirigido por Langemann, é possível não somente encontrar um
desequilíbrio, mas um completo caos nos quatro pilares simultaneamente. O
caminho que vai da inocência presente nos olhos da menina Maria até os olhares
pérfidos de Nazaré e Saraiva cujos olhos a veem como uma mercadoria é curto e
bombardeado por uma hecatombe da ética e do moral. Trata-se de um efeito
dominó: um desequilíbrio causa o outro. A família de Maria vive num vilarejo
miserável no sertão nordestino sem dinheiro e esperança para alimentar
satisfatoriamente seus filhos. O pai de Maria não vê outra saída a não ser vendê-la
inconscientemente — ou mesmo consciente — para a prostituição. Tal atitude
poderia ser evitada caso as política públicas visassem com mais seriedade esses
lugares onde há miséria extrema, transformando carência em cidadania por meio da
geração de empregos e da consciência do planejamento familiar. Sem dinheiro,
decorrente da falta de um trabalho assalariado, não se tem condições favoráveis de
gerar uma boa educação nesse vilarejo nordestino, o que é evidente pelo fato de
Maria não saber ler. O analfabetismo de toda a família revela mais uma falha das
políticas públicas e, como este filme é baseado em fatos reais, demonstra o quanto
o sistema educacional no Brasil está longe de se realizar com a devida perfeição.
Diante dos fatos expostos, pergunta-se: é possível de família quando um pai
vende uma de suas filhas para garantir o sustento dos demais? O que se vê é um
caos familiar. Além de Maria, essa desestrutura é evidente com as companheiras
dela. Muitas delas não conheceram seus pais ou vieram de uma família sem
estrutura alguma. No caso de Inês, a menina afirma que era frequentemente
abusada pelo padrasto e quando a mãe soubera dos abusos colocou para fora de
caso justamente a vítima de toda a situação. Provavelmente Inês não viu outro
caminho a não ser ingressar na prostituição.

Diante uma história emocionante que revela uma realidade lamentável, o
papel da fé é essencial. No choro contido da menina Maria e no desejo de fuga, está
em si a certeza que irá se safar dos desafios da vida. No seu inconsciente, há a
crença numa divindade e a revolta com esse ser cujos poderes teriam a capacidade
de modificar seu amargo destino. A fé também é usada para amenizar a impura
consciência de Saraiva. Este, após cometer suas atrocidades com a vida das
meninas que estavam sob sua guarda, alivia-se de seu remorso ao rezar para uma
imagem de um santo num pequeno altar montado em seu bordel.

O desequilíbrio total que marca a existência de Maria transforma a vida
dessa vítima num círculo vicioso incurável. Apesar das incansáveis tentativas de
Maria de fugir do caminho da prostituição, ela não consegue encontrar outra
possibilidade de vida por meio da generosidade das pessoas. Maria então se depara
com sua própria ignorância que aliada com a falta de informação e ausência de
alguém que lhe oriente para as provações que a vida lhe impõe. A sociedade não a
perdoa por sua ignorância, mas também não oferece subsídios para modificar tal
realidade que somente a falha organização social provocou. E provoca até hoje.

domingo, 18 de novembro de 2012

Análise do conto Aos vinte anos de Aluísio de Azevedo

21:28



A leitura do conto Aos vinte anos, cuja autoria se deve a autoria a Aluísio de Azevedo, possibilita um ledo engano ao leitor: ao se perceber a estrutura e o texto notoriamente com velhos clichês românticos, permite uma análise antecipada enquadrando o texto como tipicamente romântico. Porém, o desfecho da história quebra a análise inicial; a narrativa que pendia para o âmbito romântico, mostra sua faceta que faz o leitor cair no riso, sobretudo porque suas expectativas eram outras em relação ao desenlace.

         O conto Aos vinte anos desenvolve a história de um amante que se apaixona por uma jovem donzela chamada Ester de dezesseis anos, e que tem seu amor correspondido. Porém, ao conversar com a moça a quem tinha contato apenas pela janela, descobre que ela tem um prometido: seu próprio tutor. O homem esperaria ela atingir os vinte anos para desposá-la. Após sofrer com a revelação de tal fato, o narrador tem ideias para conseguir a execução desse amor. Pensa em fugir – o que não é visto com bons olhos por Ester -, chegando inclusive a pensar em assassinar o seu tutor, o senhor comendador Furtado. Por fim, decide falar-lhe abertamente sobre o amor que possui por sua protegida. Porém descobre-se que na verdade, Ester na verdade era a mulher do comendador.

A leitura surpreende pela capacidade de ludibriar o leitor que espera um desfecho generoso ou trágico, em consonância com o amor que o herói sentia pela delicada Ester. Ao final, a protagonista se revela como uma farsante: alimentava o amor do homem apaixonado, sabendo que era impossível concretizá-lo já que era uma mulher casada. Com um final tão adverso ao que se esperaria de uma narrativa romântica – esperar-se-ia a morte do narrador ao enfrentar seu rival comendador- -, Aos vinte anos expõe o conto romântico ao ridículo, pois revela uma mulher idealizada que se mostra uma grande mentirosa e mesquinha.

Nas primeiras linhas, é possível verificar as fontes românticas da qual o autor bebeu para criar a atmosfera pretendida.

“Abri minha janela sobre a chácara. Um bom cheiro de resedás e laranjeiras entrou-me pelo quarto, de camaradagem com o sol, tão confundidos que parecia que era o que estava recendendo daquele modo. Vinham ébrio de abril. Os canteiros riam pela boca vermelha das rosas, as verduras cantavam, e a república das asas papeava, saltitando um conflito com a república das folhas. Borboletas doidejavam, como pétalas vivas de flores animadas que se desprendessem da haste.”


            Percebe-se nesse fragmento a utilização da paisagem de fundo, a própria natureza, cuja tranquilidade e amabilidade confundirão com a descrição da jovem Ester. Vejamos:

“Chamava-se Ester, e era bonita. Delgada sem ser magra; morena sem ser trigueira; afável sem ser vulgar; [...] cabelos mais lindos do que aqueles com que Eva escondeu o seu primeiro pudor no paraíso”

            Como se vê, ao compará-la com Eva, personagem bíblica, o autor estabelece uma relação de equidade no que diz respeito à beleza de Ester e da primeira moradora do paraíso. Nessa comparação, antecipa-se também o pecado de Ester, que assim como Eva, é ardilosa. Capaz de enganar o seu amor que se encontrava completamente apaixonado.



A narrativa continua apoiando-se nos clichês românticos com os diálogos dos personagens. “E acha a senhora que esperarei, sabe Deus por quanto tempo! Sem sucumbir à violência da minha paixão?”, “O verdadeiro amor a tudo resiste, quando mais ao tempo” Tenha fé e constância é só o que lhe digo. E adeus”. Ester dava falsas esperanças, enquanto o narrador pensava em pôr um fim em tudo, assassinando o comendador. Por fim, a quebra desses clichês se estabelece ao final: a moça já era casada, pensaria ela num adultério?

            Assim, a própria estrutura romântica ruiu quando se estabeleceu essa quebra exatamente no desfecho da narrativa, provocando o riso e expondo os típicos personagens dessas histórias ao caricato.
(Análise realizada por mim mesmo para uma disciplina na universidade)


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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Os Miseráveis (adaptação de Walcyr Carrasco)

10:37

Walcyr Carrasco traduziu e adaptou a obra Os Miseráveis do escritor francês Victor Hugo. Obra de caráter romântico, ambientado no evento que marcou o início da Idade Contemporânea, Revolução Francesa, a trajetória do protagonista Jean Valjean emociona a todos afinal o que poderia se esperar de um ex-presidiário que nunca teve a compreensão da sociedade?








Walcyr Carrasco traduziu e adaptou a obra Os Miseráveis do escritor francês Victor Hugo. Obra de caráter romântico, ambientado no evento que marcou o início da Idade Contemporânea, Revolução Francesa, a trajetória do protagonista Jean Valjean emociona a todos afinal o que poderia se esperar de um ex-presidiário que nunca teve a compreensão da sociedade? Preso após ser pego roubando um pão para alimentar sua família, Jean passa quase 20 anos preso às galés e num gesto de caridade, após se passar pela figura do prefeito Madeleine, decide recuperar a filha maltratada da prostituta Fantine, que estava sob o poder da asquerosa família Thénardier. Cosette, que vivia como se fosse a empregada da família, apesar de a mãe mandar grandes fortunas para sua investir em sua educação e bem, é resgatada pelas mãos de Jean e passa a amá-lo como pai. Depois conhece Marius, que em meio à Revolução Francesa, tem encontros e desencontros com seu amado.
Os Miseráveis é um romance belíssimo adptado pelas engenhosas mãos de Walcyr Carrasco. Com toda a certeza é uma leitura mais que indicada para adolescentes do Brasil inteiro de todas as idades. Parabéns ao Walcyr por ter deixado uma obra rica como essa nas bibliotecas públicas do nosso país.

domingo, 7 de outubro de 2012

Vida de Droga de Walcyr Carrrasco

17:17

Vida de Droga é um livro recomendado especialmente para os alunos do 8°, 9° e Ensino Médio, escrito pelo consagrado autor e roteirista Walcyr Carrasco. Leitura obrigatória no que diz respeito ao conhecimento do terrível mundo das drogas, uma leitura que pode fazer o aluno refletir sobre o uso de entorpecentes em meio ao que ele vive. O livro conta a história de Dora, menina de classe alta, que tem sua vida modificada após o pai perder seu emprego, culminando numa separação. Dora vê seu mundo desabar, cai numa tristeza profunda que a faz experimentar as drogas. Longe da sua vida de luxo, vivendo num apartamento com a mãe e o irmão, Dora vai descobrindo as drogas em sua vida, por intermédio de seu namorado. Começa a roubar em casa, a agredir seus parentes, é expulsa do convívio familiar, chega a mendigar e roubar nas ruas para somente alimentar seu vício. Assim, Dora reflete sobre sua condição até decidir mudar.